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KYOJITSU TEN KAN HO
ESTRATÉGIAS DE COMBATE DISSIMULADO
I – COMPREENDER O INIMIGO
O Ninja histórico desenvolveu a habilidade de dirigir a personalidade e os pensamentos dos outros, e este conhecimento é uma das bases da habilidade lendária do Ninja para fazer sua vontade sem ações e conseguir seus propósitos sem esforço. Era capaz de fazer com que seu inimigo quisesse lutar mesmo sem estar preparado, e de que se movesse quando na realidade queria descansar. Obrigava-o a abandonar suas posições vantajosas e lhe fazia esperar quando estava ansioso para lutar. Em termos amplos, empregava a direção da consciência do outro a seu favor.
Usando seus conhecimentos dos cinco elementos, o Ninja deixava que seu inimigo exibisse seu estilo de luta ou comportamento particular, assim como as facetas mais destacadas de sua personalidade. Desta maneira, averiguava rapidamente seus pontos de debilidade e lhe aplicava o corretivo adequado.
Mediante extensos exercícios de auto evolução, o Ninja desenvolvia a sensibilidade nutritiva necessária para entender o estilo de vida e personalidade da pessoa com a qual iria tratar. Nos confrontos psicológicos, usando a influência terra, a resistência e o espírito combativo do adversário são debilitados ao proporcionar-lhe diversões desfrutáveis. Sob a influência da água, se conseguia que a agressividade do inimigo o torne vulnerável através de seu comportamento enlouquecido e irreflexivo. Desde o nível de influência do fogo, causa medo e vacilações a seu inimigo. Sob a influência do vento, o adversário é debilitado apelando a seus sentimentos. E sob a influência do vazio, o adversário vaidoso e ambicioso é enganado pela adulação e falsa lealdade.
Este sistema de influências que manipula os esquemas de pensamento do adversário, é considerado como uma interferência meramente temporal na consecução de objetivos mais amplos. Tanto se influi sobre um indivíduo com o propósito de derrotá-lo ou com o propósito positivo de ganhar sua colaboração.
Os resultados da alteração do comportamento são, como muito, temporais. Igual que a finta de um boxeador perde sua efetividade se não repeti-la muitas vezes, a efetividade dos truques da personalidade é perdida se o adversário ficar insensibilizado a seu impacto. Até a manipulação positiva da personalidade de outro, terá sua contribuição nas qualidades mentais do Ninja, se este as usa durante muito tempo.
A contínua adulação do ego de outra pessoa, ou a pressão contínua sobre o temperamento volátil de um indivíduo irracional, começarão a afetar o equilíbrio energético do Ninja mais forte e determinado.
Se for perseguido por um inimigo furioso, o Ninja retrocede de sua posição, até colocar-se logo atrás de seu perseguidor.
Em outras ocasiões, ao invés de afetar diretamente a personalidade ou comportamento de seu inimigo, o Ninja pode alterar sua própria maneira de afrontar qualquer situação dada.
Nos casos de auto preservação, há uma tendência a deixar que o medo nos faça acreditar em vantagens não existentes. Se o adversário nos espera escondido em uma casa às escuras, podemos crê-lo com a vantagem de poder observar-nos sem ser visto e, portanto, em condições de preparar seu ataque. Ele parece estar numa fortaleza e nós nos vemos desprotegidos.
Se um atacante nos enfrenta armado com uma faca, podemos ser presa do pânico ao reconhecer o fato de que sua arma é uma vantagem insuperável. Se não estamos familiarizados com as técnicas de combate a faca, pode fazer com que nos resignemos irrefletidamente a permanecer indefesos.
Se enfrentarmos a um assaltante de maior tamanho que o nosso, podemos ficar totalmente intimidados ante nossa pequenez. Podemos figurar-nos que um soco é tudo o que precisa para nos pôr fora de combate.
Trocando os pontos de vista, sem dúvida, obtemos uma perspectiva completamente alterada. Se nos pusermos no lugar do adversário e contemplarmos todos os pontos débeis apresentados pelo novo ponto de vista, podemos usar a tendência a ver o negativo em nossa própria vantagem. Para ver a vulnerabilidade de outra pessoa, temos que nos colocar em seu lugar.
No caso do assassino escondido na casa escura, observamos que estamos apegados ali e que existem truques para fazer-nos sair do esconderijo ou que simplesmente, podem deixar-nos ali esperando.
No caso do homem armado de faca, observamos que nossa arma fará com que o oponente conceda licença moral para extremar suas medidas com a finalidade de defender-se. Também tem uma tendência a concentrar toda a atenção na arma e esquecer a vulnerabilidade ou o uso prático do outro braço e das pernas.
A respeito do lutador de grande tamanho, observamos a facilidade que resulta para um oponente menor mover-se com rapidez e introduzir-se em nossa guarda. Também podemos ver como um homem pequeno pode usar seu baixo centro de gravidade para desequilibrar-nos ou projetar-nos.
O principal fator que separa o Ninjutsu dos outros métodos de combate é a aplicação do Kyojutsu Ten Kan Ho, ou estratégias de combate. Literalmente traduzida como o método de apresentar o falso como verdadeiro esta estratégia se aplica em todas as atividades do Ninja. Esta confiança posta na falsificação, amplia o artifício psicológico de preparar seu adversário para que pense de uma maneira e então lhe afrontar de outra.
A tática pode aplicar-se desde diversos extremos para confundir a percepção da realidade do adversário. A falsidade pode apresentar-se como verdade. Podemos aparentar força sendo que na realidade estamos debilitados, ou podemos criar a imagem de debilidade para ocultar nossa força.
De maneira oposta, a realidade pode apresentar-se de tal maneira que dê a impressão de falsidade. Podemos exagerar nossa debilidade até o ponto em que os adversários acreditem que estão sendo enganados e decidem atuar contra nós. Também podemos apresentar com claridade nossos pontos fortes de maneira que os inimigos acreditem que estamos fingindo, e nos ataquem sem preocupações e forças suficientes.
Podemos encontrar exemplos simples disto da seguinte maneira: veja um espelho e observe o aspecto que têm seu corpo quando se prepara para lançar um golpe à zona alta.
Quando está treinando com um companheiro, baixe o nível do ombro no momento em que pareça obvio que vai golpear ao nível alto e pegue às costelas ou o estômago. O golpe não começa, pára e sai de novo até o nível médio. Trata-se meramente de um golpe lançado à zona média baixa, com um movimento corporal usualmente associado a um golpe à zona alta.
À distância curta, quando os golpes de punho dão lugar aos agarramentos, agarre ao adversário e puxe ele para você. Provavelmente, seu instinto lhe fará ir para o lado oposto. Quando sentir sua puxada, troque o movimento o empurrando e desequilibrando-o dando um passo à frente.
Ao iniciar um contra-ataque, lance um golpe ao rosto do oponente. Quando elevar o antebraço para bloquear, abra o punho e golpeie com a palma no antebraço para romper o osso.
Também podemos encontrar exemplos táticos de confusão nos combates com armas brancas. Se atacar à cabeça do oponente com uma espada ou faca grande, quando ele tentar bloquear com sua espada ou barra metálica, encurte rapidamente o regresso do movimento de sua arma, cortando assim seu antebraço, ou mão.
Uma lâmina ou arma perfuro – cortante também podem camuflar-se detrás do antebraço se empunhada da maneira correta.
Em um confronto frente a um oponente armado com faca, pode assumir uma posição que sugira que é inexperiente na luta com faca. Quando o atacante relaxa a guarda, frente à vítima “inapta”, você poderá lançar-se sobre ele com suas autênticas capacidades.
Historicamente a justaposição da realidade e falsidade foi usada a princípio pelos Ninjas japoneses nas táticas de escape. Um Ninja podia jogar uma pedra pesada em um rio, e esconder-se depois entre os arbustos para induzir seus perseguidores a buscar na água. Também podia aproximar-se de um grupo de guardas e contar-lhes alguma desgraça que lhe acabava de ocorrer.
SAN RYAKU HEIHO
OS TRÊS NÍVEIS ESTRATÉGICOS
“A meticulosidade era a chave do treinamento, e os estudos especiais, táticas e estratégias, se desenvolviam até alcançar um alto nível”.
SETTENJUTSU
Mesmo que pareça incrível, o Ninja era capaz de desenvolver a habilidade de predizer o resultado do combate. Baseando-se em premonições científicas, requeria o refinamento de sua percepção em três elementos chave: Céu (ar), Terra e Homem. Setten Jutsu, ou percepção no ar, significa que o Ninja sabia tirar vantagem das condições atmosféricas, adivinhações e meteorologia.
A escola Koga faz referência a um vento cálido e seco que desce pela ladeira da montanha. A habilidade do Ninja para reconhecer esta oportunidade de provocar e estender com rapidez o fogo lhe permitia aproveitá-lo para incendiar o acampamento inimigo. A estação seca também se considerava ideal para usar fogo junto ao inimigo, conduzir-lhe a uma emboscada e dispersar suas forças.
As noites de vento eram também propícias para o labor incendiário, mesmo que fosse preciso determinar a direção do vento para que o fogo se estendesse para a zona onde estavam construídas a maior parte das edificações do acampamento.
O Ninja estudava o I Ching, ou livro das mutações, que lhe ajudava, entre outras coisas a obter vantagem das mudanças atmosféricas. Por exemplo, as noites sem lua eram a ocasião propícia para introduzir-se numa vila ou castelo inimigo. A arte da adivinhação era conhecida como O Myodo.
Também aproveitava os temporais e as noites de neve em que a visibilidade diminuía notavelmente. As noites obscuras e tempestuosas, também eram excelentes para deslizar-se no castelo inimigo ou para lançar um ataque em comando, especialmente se chovia, posto que em tais condições as sentinelas encurtariam ao máximo possível suas guardas.
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